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Ben Ledren(*) e colaboradores da Universidade Newcastle, no Reino Unido, estudaram a importância do gênero num tipo particular de risco: o idiótico, definido por eles como “o risco sem sentido, em que a recompensa aparente é insignificante ou não existente e as consequências extremamente negativas e frequentemente fatais”.(1)Os autores desenvolveram a “teoria do homem idiota”, que explicaria as diferenças encontradas nas salas de emergência dos hospitais e na mortalidade por acidentes.Para confirmá-la, analisaram os indicados ao “Darwin Award” dos últimos 20 anos.(1)
Os resultados fortalecem a teoria do homem idiota. Os autores concluem que “os homens são mais idiotas, e idiotas fazem coisas estúpidas”.(2)
A pesquisa supõe que na maioria dos casos poderia “haver o envolvimento de álcool”, e é verdade. A maior parte das atitudes idiotas do Ser Humano Masculino começa com as palavras “Segura minha cerveja”.(3)
E as conclusões possíveis são:
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“É apenas… idiota. Não pensamos muito (ou nada), somos levados pelo momento e tomamos na tarraqueta”.(4)
- “Nós homens sejamos apenas retardados mesmo”.(5)
- “Sob o efeito da bebida, os homens parecem desenvolver um sentimento particular de invencibilidade”.(5)
Não é, não. Delírio coletivo, na era da estupidificação por rede social, é coisa séria.
Não se convence essas pessoas só argumentando que o primogénito do presidente, por anos a fio, desviou salários de assessores, lavou o produto do roubo numa loja de chocolates e comprou imóveis em cash?, continuará a questionar. E que outros políticos do clã protagonizaram esquema semelhante, envolvendo mais de 100 assessores amigos, chegando um deles, escondido num escritório do advogado presidencial, a passar 21 cheques em nome da hoje primeira-dama?
Nem lembrando que até o incensado Sérgio Moro se demitiu do governo acusando o presidente de aparelhar polícia federal, procuradoria-geral e agência brasileira de inteligência para salvar a prole?
Nem sequer explicando que os 230 mil brasileiros mortos por covid seriam hoje muito menos não tivesse o presidente falado em gripezinha, gasto fortunas num remédio ineficaz, demitido dois ministros médicos, promovido um general paraquedista que se esqueceu de comprar agulhas e seringas, boicotado a chegada de uma vacina por ter sido comprada por um rival político e feito campanha contra a vacinação?
A réplica do bolsonarista comum é em modo automático: envolve desculpas paternalistas – “ele é espontâneo, fala o que pensa” -, conceitos improváveis – “está lá por vontade de Deus!” -, alusões ao último refúgio dos patifes – “ele é um patriota” – ou ataques definidores de carácter – “você preferia quem, o quatro dedos?”, a propósito de deficiência de Lula.
Perante o delírio coletivo, portanto, só usando método de psiquiatra: “Não os contrarie.”
Trecho da postagem do Diário de Notícias (Portugal), escrito por João Almeida Moreira.